Financiamento Proder de 860 milhões de euros potencia a criação de 3300 postos de trabalho em Alqueva

Esgotadas as capacidades de crescimento do olival intensivo, as opções passam agora pelas frutícolas, hortícolas e a produção de cereais, com predominância para a cultura do milho.

O Programa de Desenvolvimento Regional (Proder) tem sido determinante na implantação do projecto Alqueva. Isto mesmo foi assumido pela gestora do programa, Gabriela Ventura, que na tarde de quarta-feira, durante o 7º Colóquio Nacional do Milho, realizado em Beja, fez um balanço sintético dos financiamentos aplicados e a aplicar na instalação do maior sistema de regadio da Europa.

O financiamento do Proder em Alqueva ascende aos 860 milhões de euros e deste total cerca de 340 milhões são investimento público e o restante, mais de 520 milhões de euros, representam a comparticipação de investidores privados.

Gabriela Ventura realçou os investimentos na Unidade Territorial Estatística (NUT) da região Alentejo "representa quase 40 por cento" das verbas aplicadas no continente e Alqueva absorve quase 40 por cento deste montante, salientou a gestora do Programa de Desenvolvimento Regional, frisando que se assiste a uma "overdose" de investimento na zona Alqueva, com efeitos na criação de 3300 postos de trabalho por toda a região beneficiada pelo regadio. A intervenção do Proder no sistema de rega de Alqueva atinge os 73 por cento, que corresponde a cerca de 320 milhões de euros disseminados por 12 blocos de rega, financiados a 100 por cento com dinheiros públicos. O conjunto destes perímetros beneficia cerca de 60 mil hectares no Baixo Alentejo.

Cerca de 86 por cento dos 520 milhões de euros do investimento foi realizado na instalação de projectos agrícolas e agro-industriais, "na sua quase totalidade" aplicado na transformação das explorações agrícolas de sequeiro para regadio, assinala Gabriela Ventura dando conta da mudança de paradigma nas opções dos agricultores.

Até 2011 "o rei do investimento" foi o olival, 20 por cento super-intensivo e 70 por cento intensivo. Também há algum investimento na vinha e no vinho. Mas após 2011 "assiste-se a mudança de opção dos investidores". Tem a ver com o "esgotamento da oferta de azeite", que avisou os empresários agrícolas para investir nas fileiras das frutas, das hortícolas e dos cereais e nesta última destaca-se a cultura de milho "que vale mais de 22 milhões de euros" e está em crescendo.

A resposta empresarial ao projecto Alqueva "traz escala e robustez" à opção dos empresários agrícolas pelas potencialidades oferecidas pelo regadio expressa através do investimento médio por investidor que "é muito superior" na região Alentejo ao que se verifica no resto do país. Assim, investimento médio por investidor no continente é de cerca de 270 mil euros. Na região do Alqueva chega quase aos 400 mil euros. Os resultados na componente agro-industrial são igualmente reveladores da importância do novo regadio. No continente é de 1,6 milhões de euros, mas em Alqueva chega aos 3,5 milhões de euros.

Na área de Alqueva "temos um conjunto de 1111 beneficiários do Proder e destes 116 correspondem a dois terços do investimento aprovado", quantifica Gabriela Ventura. Mas é nos pequenos investidores que vão aplicar 175 milhões de euros em projectos de turismo rural, preservação da paisagem e do património e a criação de serviços básicos direccionados para melhorar a qualidade de vida das populações. E nestes pequenos investimentos que vão ser criados "mais postos de trabalho" revela a gestora do Proder, recordando uma das críticas constantes que lhe faziam depois de ter assumido as funções que actualmente desempenha: " diziam-me que eu me agarrava a Alqueva como se fosse a jóia da coroa do Proder". A crítica, conclui, "peca por defeito, porque Alqueva é muito mais do que isso. É uma das jóias da coroa do investimento público pós 25 de Abril".

Fonte: Público