Um dos grandes desafios da hotelaria portuguesa é o aumento dos preços, porque “estão claramente abaixo” do que é comparável a nível internacional, diz Francisco Calheiros.

“A taxa de ocupação anual de todas as unidades hoteleiras é de 50%”, diz em entrevista ao Económico e à RTP2 o presidente da Confederação do Turismo. Por isso, “é preciso, primeiro, ter mais ocupação para, depois, podermos subir os preços”. Ainda assim, já começam a existir pequenos aumentos de preços no Algarve. Por outro lado, Francisco Calheiros confessa que para empresas, em muitos casos, descapitalizadas e “a investir, nomeadamente em requalificação”, os reembolsos de fundos europeus “estão bastante atrasados”, o que "não ajuda nada".

O turismo está a contar com fundos do Portugal 2020. A informação que existe é que a execução está muito atrasada. É mesmo assim?

É exactamente assim. Nós temos um problema adicional que é a localização e as zonas de convergência. Qualquer área de actividade, como a indústria, não precisa de estar obrigatoriamente em Lisboa, Porto ou Algarve. Tem alguma latitude de hipóteses para poder instalar-se. O turismo precisa de ter unidades onde existam condições para as ter. Se a isso aliarmos a falta de capital/descapitalização das empresas, para aquilo que se está a investir, nomeadamente em requalificação, o facto de os reembolsos estarem atrasados não ajuda nada. E sim, posso confirmar que estão atrasados.

Muito atrasados?

Estão bastante atrasados. É uma preocupação que todos temos, inclusive as várias confederações já reuniram para sensibilizar o Governo porque é uma coisa que nos está a penalizar bastante e que é urgente acelerar.

Tem ideia de quando é que o ritmo normal dos reembolsos possa ser retomado?

O que nos foi dito há pouco tempo é que seria uma questão rápida. Vamos acreditar que sim, porque é fundamental.

“A promoção turística é um investimento, não é um custo. E é um investimento de retorno extraordinariamente rápido”

Como é que se consegue que venham mais turistas, fiquem mais tempo e gastem mais?

Estando nós a subir há três anos e no primeiro trimestre deste ano, convém manter o sentido. Toda a promoção, custos, instalações, pessoal, promoção online, etc. representa cerca de 50 milhões de euros. Basta ver quanto é que isso representa no Orçamento do Estado. A promoção turística é um investimento, não é um custo. E é um investimento de retorno extraordinariamente rápido.

Os privados não deviam também entrar na promoção?

Os privados investem muito. Há muita gente a fazer muita coisa. Por exemplo, o mercado alemão é um dos nossos principais mercados mas não se tem a noção que, dos alemães que viajam, temos apenas um por cento de quota. Se dobrarmos passamos para dois por cento, ou seja mais de um milhão…

E o que é preciso fazer para conseguir essa duplicação?

A falar parece fácil. Na prática não será assim tão fácil. Acho e tenho defendido que devíamos ter mais promoção e deveríamos envolver mais os privados na promoção. Na feira de Berlim, na ITB, encontram-se mais de cem empresários portugueses, às suas custas.

Cada um por si?

Não. Eventualmente debaixo da tutela do ‘stand’ de Portugal, embora cada um com os seus custos. Mas é vê-los, seja em Espanha, na Fitur, seja em Inglaterra, no World Travel Market, seja em Berlim, na ITB. Os empresários estão lá, vão antes, vão depois, fazem porta a porta. Fala-se da sazonalidade no Algarve. Ela existe, pode-se esbatê-la, mas não se pode eliminar. O principal produto do Algarve é o sol e mar…

“O ano passado ou há dois anos, só a apresentação um automóvel, representou 55 mil dormidas. E não foi em Junho, Julho, Agosto ou Setembro”

Uma das intenções do Governo é combater a sazonalidade.

Eu prefiro falar em esbater a sazonalidade. E acho que se têm encontrado algumas formas de o fazer e o Algarve tem dois exemplos perfeitos.

Quais?

O golfe, que joga-se na época baixa, e os congressos e incentivos, que é algo que demora muito a conquistar. Mas temos que ver que, hoje, deve ser rara a apresentação mundial de um automóvel que não seja em Portugal ou em que Portugal não tenha ficado muito bem classificado. Estou a pensar numa situação em concreto que, ou foi o ano passado ou há dois anos, só a apresentação um automóvel, representou 55 mil dormidas. E não foi em Junho, Julho, Agosto ou Setembro.

“Se um turista pede para ir para o Algarve, não podemos levá-lo para Évora ou Coimbra”

O Governo também tem falado em levar os turistas para zonas do interior. Como é que isso se faz? Esse é um ponto muito complexo. Estando de acordo que o Governo deve tentar atrair a atenção para zonas do país de menor densidade de turistas, o que digo é o seguinte: isso não pode colidir com a vontade do turista. Se um turista pede para ir para o Algarve, não podemos levá-lo para Évora ou Coimbra.

As pessoas preferem ir para as principais cidades?

Não. Há uma tendência de as pessoas irem para onde querem.

E pode dizer-se aos portugueses para passarem as férias em Portugal?

Não podemos esquecer que 30% dos nossos turistas são nacionais.

Mas há margem para crescer?

Há sempre margem para crescer. O consumo interno é fundamental e é mais fácil de obter. Mas tenhamos a noção que, se todos os países pedirem para só se fazer turismo interno, nós ficamos a perder.

A perspectiva do Governo é que são menos importações.

Claro que sim. Mas se há actividade que equilibra a balança comercial é a do turismo.

Os preços praticados, são os certos?

Não. Esse é um desafio.

Quanto é que os preços precisam de subir?

Esse número não está determinado. Mas estamos claramente abaixo. Quando temos tantos anos de estagnação e começamos a crescer, é evidente que o preço não é aquele que gostaríamos de ter. Mas porque é que isso acontece? Há um número que é pouco conhecido mas que é importante. A taxa de ocupação anual de todas as unidades hoteleiras é de 50%. Quase que poderíamos dizer, se não houvesse sazonalidade e diferentes apetências pelas várias regiões, poderíamos dobrar o número de turistas sem mais uma única unidade hoteleira.

“Aquilo a que se assiste hoje em dia não é tanto à abertura de hotéis tradicionais. O que estamos a ver são hotéis de nicho”

Estamos a assistir a um ‘boom’ de unidades hoteleiras, não é um excesso?

Vivemos em mercado aberto. Se alguém decidir abrir um hotel, pode fazê-lo.

Mas já vimos outras situações em que, a seguir ao ‘boom’, vêm os fechos.

Aquilo a que se assiste hoje em dia não é tanto à abertura de hotéis tradicionais. O que estamos a ver são hotéis de nicho.

Hotéis de charme, por exemplo?

Por exemplo. Mas também hotéis em sítios que não achávamos possível há 10 ou 20 anos e que hoje não só nascem mais do que um, como nascem com grande sucesso. Há uma procura para esse tipo de hotel de nicho, o chamado hotel ‘trendy’, e faz sentido que a nossa oferta vá conseguindo actualizar-se. Isto para dizer que é preciso, primeiro, ter mais ocupação para, depois, podermos subir os preços.

Isso não tem o efeito contrário. Aumentar o preço não vai reflectir-se na diminuição da procura?

Não estamos a falar em aumentos de 100% ou de 50%. Nós temos a percepção que, se se compararem produtos comparáveis, o nosso preço está baixo.

Mas porque é que é preciso aumentar o preço?

Porquê? Temos preços baixos, muitas empresas descapitalizadas e precisamos, claramente, de aumentar os resultados das nossas empresas. Isso consegue-se com um ‘mix’ de aumento de ocupação e de aumento de preço. Estou a falar de aumentos pequenos e já temos casos concretos. Se olharmos para o Algarve e virmos os preços deste ano versus os de há dois anos, já há um aumento simpático. Mas é um desafio. E muitas vezes, o maior inimigo do preço é o próprio empresário. Porque tem medo.

A reposição dos feriados veio dar uma ajuda. Assim como as ‘pontes’?

Tudo o que seja ócio – o feriado e a ‘ponte’ são ócio – é evidente que favorece o turismo. Na próxima ‘ponte’ de 10 a 13 de Junho, o Algarve está completamente cheio. Portanto, não há dúvida que ajuda.

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